Pular para o conteúdo principal

Adaptado ou adequado... você sabe a diferença?

  Essas palavras são muito encontradas no vocabulário dos arquitetos e profissionais da área. Mas será que eles realmente sabem qual a diferença entre elas?

   A NBR 9050 (Norma de Acessibilidade que eu adoro citar) define essas duas palavras assim:
- Adaptado - Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características 
originais foram alteradas posteriormente para serem acessíveis. 
- Adequado - Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características 
foram originalmente planejadas para serem acessíveis.
  Então, no caso de uma reforma, teremos que fazer uma adequação para que o espaço se torne acessível. Mas se o projeto for novo, temos que evitar a adaptação posterior, já incluindo no projeto todas as adaptações necessárias. 
  Isso não quer dizer que todas as edificações possam ser adaptáveis, visto que deve ser considerada a possibilidade de adaptação de suas principais características. Nesse caso, estou me referindo a edifícios históricos, tombados. É gerado então um conflito na nossa constituição, pois esta garante a preservação do edifício e o direito de igualdade a todas as pessoas. Qual a solução para essa questão?
  A história nos mostra que por muito tempo as pessoas com deficiência viviam à margem da sociedade, escondidas em suas casas, não circulavam nas ruas e muito menos frequentavam locais públicos. Assim, nenhum edifício foi projetado para receber essas pessoas.
   Segundo o artigo 11 da Lei Federal n° 10.098/2000, regulamentada em 2004 pelo Decreto n° 5.296, a construção, ampliação ou reforma de edifícios de uso público e de uso coletivo devem atender aos preceitos da acessibilidade.
   As edificações de uso público são aquelas administradas por órgãos públicos ou por prestadoras de serviço a essas entidades; e as de uso coletivo são aquelas destinadas a um uso comum, como ginásios esportivos, shoppings centers, hospitais particulares, hotéis, igrejas, etc. 
   Muitas dessas edificações acabam sendo tombadas pelas entidades responsáveis pelo patrimônio cultural, e assim possuem uma série de restrições para que seja realizada uma reforma.
   Entretanto, segundo o artigo 30 da Lei Federal mencionada acima, a adaptação de patrimônios culturais imóveis deve seguir a Instrução Normativa n° 1 do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN, que dispõe sobre a acessibilidade em bens culturais imóveis. 
   “As soluções adotadas para a eliminação, redução ou superação de barreiras na promoção da acessibilidade aos bens culturais imóveis devem compatibilizar-se com a sua preservação e, em cada caso específico, assegurar condições de acesso, de trânsito, de orientação e de comunicação, facilitando a utilização desses bens e a compreensão de seus acervos para todo o público”. (Item 1.1 da Instrução Normativa n.º 1/2003)
   Ou seja, os projetos de acessibilidade para edifícios tombados devem resultar de uma análise crítica do mesmo, prevendo intervenções/reformas que garantam acesso ao interior do imóvel às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Isso, sempre que possível e de preferência pelo acesso principal, ou um outro que seja integrado à entrada principal; além de uma rota acessível interligando todos os espaços e atividades abertos ao público, garantindo também o uso de sanitários, telefones públicos e bebedouros acessíveis, vagas de estacionamento reservadas e lugares específicos em auditório, tudo isso, obviamente, com sinalização tátil, sonora, e fazendo uso do Símbolo Internacional de Acesso.
   Vou colocar alguns exemplos de edifícios públicos acessíveis que registrei em São Paulo-SP, em março deste ano: 
No MASP tem elevador.
Na Pinacoteca, de cada lado da escadaria de acesso principal tem um acesso ao pavimento térreo (mas não dão acesso direto ao salão principal).
No Mercado Público também tem elevador.

  Sinto que esse seja o começo de uma nova história na arquitetura acessível. Algumas cidades mais conscientizadas que outras, mas a semente está sendo plantada.
   Vamos regar???

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Você já ouviu falar na Reatech?

   A Reatech é uma feira anual que acontece na cidade de São Paulo-SP. A feira tem como alvo reunir fornecedores e fabricantes de equipamentos e produtos específicos para atender às pessoas com deficiência.    Cada ano surgem novas tecnologias e o lema é: "Para cada caso, uma solução! "    Além de encontrar novas soluções e tecnologias na área da acessibilidade,

Viver Sem Limites - Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência

  Primeiramente gostaria de pedir desculpas aos leitores deste blog pela ausência estes meses... Passei por uma fase totalmente sem tempo pra me dedicar a postagens por causa da minha monografia da pós-graduação. E por falar nisso, em breve teremos muitas postagens filhas desse trabalho que eu produzi com tanto carinho.    Como estivemos muito tempo sem novos posts, resolvi retomar o blog com um assunto bem atual e que ainda pode ter passado desapercebido por muitos, mesmo os interessados em acessibilidade, o novo programa do Governo Federal Brasileiro.    O programa recém-lançado pelo governo Dilma, em 17 de novembro de 2011,

Como devo lidar com uma pessoa com deficiência?

  É tão natural para uma pessoa sem deficiência ficar sem saber como agir diante de uma outra com deficiência que resolvi escrever esse post para ajudar um pouco. Dessa vez não vou falar sobre arquitetura, mas darei dicas que servirão para melhorar a convivência com a diversidade.